Criado pelo artista e terapeuta, o Cena Especial – Teatro Inclusivo emocionou plateias e quebrou preconceitos. Confira a página do projeto no Facebook: https://www.facebook.com/cenaespecialteatroinclusivo
A arte pode ser ferramenta factível para efetivar a Inclusão. Carlos Correia Santos provou isso entre 2015 e 2017, período em que realizou um de seus mais sensíveis empreendimentos socioterapêuticos: o Cena Especial – Teatro Inclusivo. A iniciativa nasceu como um projeto de extensão universitária na Faculdade Fibra, em Belém (PA), e logo se consolidou como uma ação pioneira para os fronts da mediação relacional com a Pessoa com Deficiência. A ação formou turmas de pioneiros atores-inclusivos, criou o primeiro grupo de teatro inclusivo da Região Norte e apresentou espetáculos sensoriais que lotaram espaços de apresentações, despertando reações emocionadas de diversos espectadores. As duas principais montagens do Cena Especial foram a peça Pelos Olhos Dela e uma versão inclusiva de O Pequeno Príncipe.
O Cena Especial tinha como principal meta formar elencos nos quais questões como o TEA, a cegueira, a surdez, a Síndrome de Down, entre outras questões, não fosse barreira para a plena interação artísticas. Elencos em todos juntos, sob qualquer condição humana, pudessem protagonizar cenas que provocassem profundas reflexões nos espectadores. Nesse sentido, atores-inclusivos seriam pessoas com mais de 16 anos, com ou sem deficiência, dispostas a montar espetáculos que abordassem questões relacionadas à Educação Especial e à inclusão social da Pessoa com Deficiência.
A ESSÊNCIA DE ATOR-INCLUSIVO
Segunda as bases criadas por Carlos Correia Santos, o ator-inclusivo é, primeiramente, um ser ciente de seu papel como instrumento da inclusão por meio das artes, em particular as cênicas. É um artista preparado para lidar não apenas com as situações gerais do fazer teatral, do mergulho nas exigências do palco, mas uma pessoa capacitada para se comunicar artisticamente explorando as possibilidades múltiplas dos sentidos. E da ausência destes.
É um artista que precisa ser hábil a encenar montagens nas quais sejam exploradas a sua própria aptidão sensorial, as aptidões sensoriais de seus colegas de cena e as aptidões sensoriais do público na plateia. É um artista que precisa estar igualmente capacitado a lidar com as limitações físicas e cognitivas de seus coparticipes de palco e de espectadores que o estejam assistindo. O ator inclusivo é um artista instrumentalizado para dar vida a personagens que se comuniquem da forma mais ampla possível com surdos, cegos, pessoas com deficiência física, pessoas com Síndrome de Down, pessoas no Espectro Autista e mesmo pessoas com paralisia cerebral, dentre outros.
AS MONTAGENS
A proposta do projeto sempre foi montar espetáculos destinados a debater aspectos ligados à Inclusão. Peças em que uniram, em cena, participantes com e sem deficiência. E a plateia também era sempre convidada a experimentar sensações variadas vividas pelas Pessoas com Deficiência. A ideia era trabalhar espetáculos encenados na escuridão, encenados sem qualquer som ou fala. Espetáculos que convidassem o público a sentir limitações físicas. Espetáculos que mostrassem a necessidade de sempre nos colocarmos no lugar do outro para, assim, entendê-lo.
Desta forma, o intento era montar pequenas performances que pudessem ser apresentadas em escolas, espetáculos pocket para serem apresentados em salas e espaços alternativos e espetáculos formais para serem apresentados em teatros e centros culturais.
AS PEÇAS
Primeira produção levada ao palco pelo Cena Especial, em 2015, Pelos Olhos Dela é um experimento cênico feito para o público mergulhar no universo sensorial da cegueira. Ao chegar ao espaço cênico, todos os espectadores eram vendados e ficava descalços. Espectadores surdos eram os únicos não vendados. Para estes, a produção disponibilizava interpretação em Libras. Os espectadores eram conduzidos pelo elenco para a área de encenação. O caminho até seus assentos era todo sensorial. Havia estímulos no chão e no ar em redor. Os atores agiam na penumbra e toda a ação era oral.
A trama se estrutura na narração de episódios que aludem dramas sobre o preconceito. Os trechos são costurados por uma misteriosa narradora. O tempo todo se repete a pergunta? Quem é essa narradora? Ela quem é? Isso só se revelará ao final. Até que o experimento fosse concluído, era preciso sentir e entender tudo… pelos olhos dela. A trilha sonora, também composta por Carlos Correia Santos, era tocada ao vivo por ele e por seu grupo de colaboradores musicais, o Versivox. Se você quiser ouvir a canção tema, acesse o canal terapêutico de Correia no Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=jywAMFutGos
O Pequeno Príncipe, por sua vez, era uma versão multinclusiva do clássico de Exupéry. O protagonista era o ator-inclusivo Gabriel Rolim, que tem Síndrome de Down. Todas as apresentações contavam com interpretação em Libras e Audiodescrição.
Quero te parabenizar pelo trabalho incrível, me inspiro em vc. ❤
Gratidão sem fim, meu querido Anderson!!!!